Urtiga, Urtica dioica subsp. Dioica (Urticaceae)

A urtiga, tão condenada como um pária dos campos, arrancando-se desapiedadamente onde quer que aparece, é uma das plantas mais úteis. Pode ser utilizada como chorume contra os pulgões, fertilizante líquido ou até sopa.

Urtiga, Urtica dioica
Urtiga, Urtica dioica

Oferece aos animais um alimento fresco e tanto mais precioso quanto é uma das plantas mais temporãs. As vacas e as cabras que se alimentam com ela, dão melhor leite e mais abundante, com mais nata e sabor mais açucarado.
Basta na primavera arrancar-lhe os novos rebentos, deixá-los secar um pouco ao ar e misturá-los depois na proporção de uma quarta parte à erva e à palha, não havendo receio de que piquem a boca dos animais, que a comem com avidez. O esterco que resulta desta mistura favorece muito as culturas.
As aves engordam rapidamente quando submetidas a um regime das suas sementes. Destas sementes extrai-se um óleo de gosto delicado e que tomado em caldo favorece a secreção de leite.

Urtiga, Urtica dioica
Flora von Deutschland Österreich und der Schweiz (1885).

Aplicado externamente, reanima a sensibilidade dos tecidos da pele, aumenta a elasticidade dos músculos e facilita o jogo das articulações.
Olivier de Serres, o pai da agricultura francesa, diz que a Urtiga proporciona uma matéria com a qual se fazem boas e bonitas telas. Com efeito, fabricam-se na China desde tempos imemoriais telas maravilhosas, tecidas com a fibra da Urtiga branca, que compete com vantagem com os produtos mais finos do melhor linho.

Cultivo

É uma planta que praticamente se cultiva sozinha, preferindo solos ricos em fosfatos e nitrogénio. Reproduz-se por semente ou pelas raízes.

Doenças

Sem problemas.

Colheita

Varia muito com a região, em Portugal, seguramente no Inverno. Rebentos novos para culinária, plantas mais desenvolvidas para chorumes e fertilizante.

Links de interesse

Etno Medica (43 usos para as urtigas).
Flora Celtica (Utilização da urtiga).
Plants for a Future (Nota máxima em comestível e medicinal).

Este texto foi baseado e em parte transcrito do artigo “Utilidade da Ortiga”. Jornal Horticolo-Agricola [Porto], Fevereiro 1901: 31-32.