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Pelas revistas inglesas

Um prazer que apenas é traído pelo tempo disponível, é receber revistas pelo correio e lê-las calmamente em busca das últimas novidades do jardim e da horta. As melhores são as inglesas e dessas, a que mais gosto é a Garden’s Illustrated.

Pela revista The Garden da RHS, ficamos a saber que uma empresa japonesa iniciou a comercialização da Rosa ‘Suntori applause’, uma rosa azul geneticamente modificada. Significa 20 anos de pesquisa que de alguma forma falhou em entusiasmar-me.

A Gardens Illustrated de Janeiro de 2010 diz-nos que a Puya raimondii que cresce naturalmente no Perú e na Bolívia, apenas produz sementes uma vez em 80 anos. Encontra-se hoje ameaçada pelo excesso de pastoreio.

Uma boa ferramenta de jardim passa de geração em geração. A Bulldog Tools produz há 230 anos ferramentas de forma artesanal em Lancashire (Grã-Bretanha). A qualidade e valores hoje fora de moda, mantêm esta empresa activa. O popular jardineiro Alan Titchmarsh dá o nome à sua própria linha de ferramentas. Uma interessante reportagem na revista The English Garden de Dezembro de 2010.

Links de interesse

The Great Dixter
Suntory Blue Rose
A Rosa Azul na BBC
Bulldog Tools

Uma longa época de gladíolos floridos

Gladíolo

O gladíolo é essencialmente uma flor de corte para decoração em casa, embora existam várias variedades que possam ser utilizadas com bom efeito no jardim. Num arranjo redondo de rosas, peónias ou dálias, os gladíolos darão beleza com os seus longos caules e flores elegantes.
Torna-se importante conseguir ter gladíolos para cortar durante um longo período, todo o Verão e até parte do Outono. Há pelo menos três formas de o conseguir.
O primeiro método de plantações sucessivas é muito utilizado também na horta. Pode-se utilizar a mesma variedade ou várias, começando no início da Primavera e continuando semanalmente ou de dez em dez dias, até ao início do Verão.
Um outro método, também utilizado na horta, é utilizar variedades de floração em épocas diferentes. Variedades que florescem cedo, cedo na meia-estação, tarde na meia-estação, tarde e muito tarde. Existem cerca de 12.000 variedades de gladíolos, mas muito menos disponíveis para o jardim. Este método oferece dificuldades de aplicação no nosso país, porque não só existe pouca informação sobre a época de floração, como a quantidade de variedades disponível é diminuta. Mesmo assim, podem-se conseguir bons resultados com alguma sorte, tentando encontrar umas 25 variedades no mínimo. Com algumas notas, pode-se melhorar muito os resultados da época seguinte.
Por fim, um método pouco conhecido pelo horticultor amador, mas que sempre foi utilizado pelos viveiristas profissionais de gladíolos. Consiste simplesmente em plantar bolbos de vários tamanhos de uma determinada variedade.
Os profissionais reconhecem três tamanhos de bolbos: Nº. 1 bolbos com 4cm ou mais de diâmetro; Nº. 2 bolbos com 3cm ou mais; Nº. 3 bolbos com 2,5cm ou mais; Nº. 4 bolbos com 2cm ou mais; Nº. 5 bolbos com 1,5cm ou mais; Nº. 6 bolbos de 0,6cm ou mais. Por vezes bolbos menores que os Nº. 6, são chamados Nº. 7 e os que não serão maiores que uma ervilha, bolbilhos.
Estes bolbos de diferentes calibres são plantados todos ao mesmo tempo, os maiores serão os primeiros a florir, o segundo tamanho talvez uma semana ou dez dias depois e assim sucessivamente até ao tamanho menor. Mesmo os Nº. 7 e até alguns bolbilhos podem chegar a florir. Se não florirem, ficarão com tamanho adequado para a época seguinte. As flores dos bolbos menores serão também menores que o normal e por vezes muito delicadas, ainda mais bonitas para pequenos arranjos.

Bibliografia

William, E. Clark. “A long season of gladiolus blooms.” Horticulture May 1. 1929: 221.

Os barómetros naturais

A andorinha, a ave precursora da Primavera, é um barómetro infalível; voando baixo, roçando a terra e fazendo ouvir um grito leve e sentido, é sinal de chuva próxima; conservando-se no ar a grande altura, para a direita e para a esquerda, brincando com as outras, anuncia bom tempo fixo.
Depois de uma tempestade, a andorinha eleva-se muito; o seu vôo é então, lento, majestoso e paira no ar.
No Inverno, quando uma só pêga deixa o seu ninho, há chuva; se o pai e a mãe o deixam ambos, é sinal de bom tempo.
O pavão, quando a chuva se aproxima, grita frequentemente; o picanço verde geme; o papagaio palra; a galinha de Angola empoleira-se.
Quando as gaivotas voam sobre o mar, é sinal de bom tempo; quando deixam o largo e se aproximam das costas, é sinal de chuva1; a procelária pelo contrário, toma o mar largo em tempo de chuva e de tempestade.
O grilo quando faz ouvir o seu canto é sinal de bom tempo.
O Sol ou a Lua rodeados de um círculo, nuvens amarelas no ocidente e nevoeiros espessos e sombrios, são sinal de chuva.
O Sol e a Lua num céu puro, o arco-íris mostrando-se à tarde, os nevoeiros brancos, as nuvens vermelhas, são sinais infalíveis de bom tempo.

Jornal Horticolo-Agricola de Setembro de 1905 (com referência ao Bulletin du Syndicat du Loiret, da época).
  1. Hoje em dia as gaivotas cada vez mais se aventuram dentro de terra em busca de alimento nas capoeiras, parques e jardins e principalmente lixeiras. Sinal não só de uma sobrepopulação destas aves, mas também da escassez de alimento no mar. []

Rega das árvores

Há pessoas que não sabem, diz o senhor N. Audran, no “Lyon Horticole”, que a água que é necessária para a alimentação das plantas é principalmente tirada do solo pelas radículas, isto é, pelas raízes mais novas. Se estas pessoas conhecessem esta simples particularidade da vida vegetal, com certeza quando regassem uma árvore não lançariam a água directamente no pé, salvo no caso que este tivesse as raízes aprumadas.
Geralmente, quando se rega, faz-se uma pequena caldeira perto do pé da árvore e ali se lança a água, exactamente no sítio onde ela é menos útil. Má prática.
Para se regar uma árvore, deve-se fazer a caldeira a distância do tronco e regar aí. Quanto mais grossa for a árvore, tanto mais afastada deve estar a caldeira do seu centro.

Jornal Horticolo-Agricola, Junho de 1906