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Meteorologia popular

Os nossos lavradores têm velhos ditados, pelos quais se regulam para apreciação do tempo futuro; são antigas abservações meteorológicas que o tempo consagrou e de que várias gerações verificaram a exactidão.
Pode a ciência moderna rir-se cepticamente desta crença dos nossos bons aldeãos, mas a verdade é que em geral os ditados meteorológicos, como pessoalmente temos verificado, são exactos.

Assim se pronunciava o senhor Arnaldo Coelho, no Jornal Horticolo-Agricola de Janeiro de 1897. Hoje, já com as alterações climáticas em pleno andamento, talvez assistamos aos últimos tempos destes ditados.

  • Agosto seco, inverno nevoso.
  • Outubro quente, Fevereiro frio.
  • Tal Outubro, tal Março.
  • Novembro quente, Abril e Maio frios.
  • Dezembro quente, Fevereiro frio.
  • Inverno seco, Verão seco.
  • Inverno rigoroso, Primavera húmida.
  • Inverno áspero, Verão quente.
  • Inverno com grande degelo no meio, Verão frio.
  • Inverno que começa cedo, acaba tarde.
  • Inverno que começa tarde, acaba cedo.
  • Verão chuvoso, Inverno rigoroso.
  • Verão chuvoso, Outono bom.
  • Outono bom, Primavera chuvosa.
  • Boa colheita de feno, Inverno áspero.
  • Quando o Fevereiro for muito frio, é preciso capote em Agosto.
  • Janeiro seco, boa colheita de cereais.
  • Inverno de neve, ano de pão.
  • Janeiro muito frio, é sinal de muito trigo.
  • Dezembro frio e de neve, ano de abundância.

Influência da cobertura do solo sobre a sua fertilidade

De acordo com o Jornal Horticolo-Agricola de Fevereiro de 1905 (com referência à revista Jardin, da época), cobrindo o solo com uma camada ainda que pouco espessa, de palha, de folhas secas ou de estrume, reduz-se consideravelmente a evaporação da água que ele embebe. A cobertura protege o solo contra o embate directo das gotas de chuva e das águas da rega, prolonga a mobilização da terra e obsta imenso ao desenvolvimento de plantas adventícias, aumentando o efeito da provisão dos princípios nutritivos do solo.

Razões para cultivarmos os nossos próprios alimentos

Raramente compensa economicamente. Quase toda a gente ganha numa hora o suficiente para comprar fruta e vegetais para toda a semana. Pode compensar para algumas famílias de baixo rendimento, mas para a maior parte de nós, não compensa. Portanto, não o fazemos pelo dinheiro.

Horta
Horta com feijão, favas, ervilhas, alface, entre outras coisas.

Frescura

A fruta e os vegetais colhidos na nossa horta são o que há de mais fresco. Não há nada de comparável.

Confiança

Sabemos exactamente como foram criados os alimentos. Apesar de podermos confiar noutros horticultores e em esquemas de certificação biológica, os nossos próprios métodos são para nós os mais certos.

Variedade

Cultivar é também um incentivo para comer mais alimentos frescos. Podemos cultivar o que mais gostamos e até variedades que há muito desapareceram do circuito comercial.

Exercício

Exceptuando os custos e ser sinal de uma vida sedentária, não há nada contra fazer exercício por fazer e ir até ao ginásio ou à piscina. Mas o trabalho ao ar livre, por vezes árduo, é insubstituível.

Comunidade

Além de melhorar a nossa vida individualmente, a jardinagem pode ajudar a construir a nossa comunidade. É pena em Portugal não se verem muitas hortas comunitárias (está a mudar muito, mas pelas razões erradas) e também nas escolas.

Espiritualidade

Cultivar frutas e vegetais é o único contacto que muitos de nós tem com a Terra. E somos participantes no ciclo da vida. O ambiente deixa de ser uma abstração quando trabalhamos o solo e ele se desfaz nas nossas mãos.

Futuro

Temos a satisfação de estar a fazer algo concreto e positivo para o futuro do nosso planeta. Muitas das nossas acções ecológicas tratam de não fazer algo: Não voar, não andar de automóvel, não comer tanta carne… Jardinar é algo que podemos fazer.

Demasiado caótico

Compostagem
Laranjas, favas, camélias e muito mais na pilha de compostagem. Caótico, mas no fim funcionou.

Compostar não é uma ciência no sentido moderno da palavra. É demasiado caótico, alquímico, metafísico.

—Frank Ronan