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Erva daninha não identificada
Uma erva daninha não identificada, mas que não me parece que seja de considerar daninha, porque é mesmo bonita.

Até começar a chover consegui remover todas as urtigas que ocuparam completamente o terceiro quadrado do quintal. Por algum motivo, nasceram aqui duas vezes este ano.
Junto à porta da garagem semeei Limnanthes douglasii (em inglês Poached Egg Plant) em duas sementeiras distintas. No Jardim do Lago plantei os girassóis que nasceram em vaso. E por fim, no jardim junto à porta lateral (e que agora não me lembro que nome lhe dei), as Ervilhas-de-cheiro.

Após várias semanas de ausência por vários motivos, entre os quais a proverbial falta de tempo e a chuvarada recente, voltei ao jardim, uma ou duas horas por dia. E pouco mais dá para fazer do que limpar todos os detritos vegetais da época e do temporal recente. Estou à espera que as folhas sequem para as recolher mais facilmente. Há muito para podar e amarrar, bolbos para plantar e o quintal para tratar. Na verdade o quintal ficou particularmente intratável nestas semanas sem cuidados. Há muitas urtigas que já estou a recolher para fazer o fertilizante habitual.
Para colheitas já anda fraco… algum cebolinho, malaguetas, pimentos… pouco mais. Acelga ainda, mas aqui ninguém gosta.

Tenho o quintal a urtigas e hoje arranquei imensas. Comecei o chorume, com água da chuva, deve estar pronto daqui a 15 dias. Precisava de começar a plantar para colher. Também podei, ordenei e amarrei os ramos das amoras ‘Black satin’.

Urtiga, Urtica dioica subsp. Dioica (Urticaceae)

A urtiga, tão condenada como um pária dos campos, arrancando-se desapiedadamente onde quer que aparece, é uma das plantas mais úteis. Pode ser utilizada como chorume contra os pulgões, fertilizante líquido ou até sopa.

Urtiga, Urtica dioica
Urtiga, Urtica dioica

Oferece aos animais um alimento fresco e tanto mais precioso quanto é uma das plantas mais temporãs. As vacas e as cabras que se alimentam com ela, dão melhor leite e mais abundante, com mais nata e sabor mais açucarado.
Basta na primavera arrancar-lhe os novos rebentos, deixá-los secar um pouco ao ar e misturá-los depois na proporção de uma quarta parte à erva e à palha, não havendo receio de que piquem a boca dos animais, que a comem com avidez. O esterco que resulta desta mistura favorece muito as culturas.
As aves engordam rapidamente quando submetidas a um regime das suas sementes. Destas sementes extrai-se um óleo de gosto delicado e que tomado em caldo favorece a secreção de leite.

Urtiga, Urtica dioica
Flora von Deutschland Österreich und der Schweiz (1885).

Aplicado externamente, reanima a sensibilidade dos tecidos da pele, aumenta a elasticidade dos músculos e facilita o jogo das articulações.
Olivier de Serres, o pai da agricultura francesa, diz que a Urtiga proporciona uma matéria com a qual se fazem boas e bonitas telas. Com efeito, fabricam-se na China desde tempos imemoriais telas maravilhosas, tecidas com a fibra da Urtiga branca, que compete com vantagem com os produtos mais finos do melhor linho.

Cultivo

É uma planta que praticamente se cultiva sozinha, preferindo solos ricos em fosfatos e nitrogénio. Reproduz-se por semente ou pelas raízes.

Doenças

Sem problemas.

Colheita

Varia muito com a região, em Portugal, seguramente no Inverno. Rebentos novos para culinária, plantas mais desenvolvidas para chorumes e fertilizante.

Links de interesse

Etno Medica (43 usos para as urtigas).
Flora Celtica (Utilização da urtiga).
Plants for a Future (Nota máxima em comestível e medicinal).

Este texto foi baseado e em parte transcrito do artigo “Utilidade da Ortiga”. Jornal Horticolo-Agricola [Porto], Fevereiro 1901: 31-32.

Sopa de urtigas

A tradição irlandesa diz-nos que devemos comer sopa de urtigas três vezes no mês de Maio para purificar o sangue depois do Inverno e para manter uma miríade de dores e maleitas ao largo durante mais um ano. Se é apenas lenda não sei, mas as urtigas são ricas em ferro e vitaminas A e C, assim como histamina, que dizem ajudar na digestão e na criação de serotonina, para levantar o espírito. Infelizmente, também picam. Por esse motivo, são preferidas plantas jovens. As urtigas sabem um pouco a canela e além da sopa, podem ser utilizadas em saladas depois de fervidas, ou utilizadas para fazer cerveja ou chá.
Mesmo que não as consiga comer, diz-se que embalar fruta fresca com urtigas secas a mantém fresca, que andar com um ramo de urtigas dá coragem e que pentear o cabelo com sumo de urtigas prevenirá a calvíce.

  • 4 colheres de sopa de manteiga
  • 2 alhos franceses lavados, apenas a parte branca e verde claro, picados grosseiramente
  • 1 batata russet descascada e picada grosseiramente
  • 1 cebola amarela picada grosseiramente
  • 2 talos de aipo picado
  • 100g de folhas de urtiga
  • 2 1/2 chávenas de caldo de galinha ou água
  • Sal
  • Pimenta preta acabada de moer
  • 1/2 Chávena de natas gordas

Derreta a manteiga numa panela grande em lume brando. Junte os alhos franceses, batatas, cebolas, aipo e urtigas. Deixe cozer até os vegetais ficarem macios, cerca de cinco minutos. Junte o caldo de galinha, aumente o lume para médio até levantar fervura.
Passe a sopa para uma batedeira e faça um puré macio. Tempere a gosto com sal e pimenta preta. Sirva quente com uma porção de natas batidas.

(Baseada numa receita de Patrick McLarnon publicada originalmente na revista Saveur de Maio/Junho de 1998.)